terça-feira, 10 de abril de 2012

Carta de repúdio dos Monarquistas Brasileiros ao Programa produzido pelo Partido da República

É com indignação que os monarquistas brasileiros, representados nas instituições abaixo relacionadas, se viram forçados a assistir à propaganda partidária obrigatória na última quinta-feira 14 de junho. Na referida transmissão, vimos todo um período histórico, um dos mais brilhantes da História Brasileira, ser acintosamente denegrido, utilizando-se de premissas falsas e sem embasamento nos fatos. O chamado Partido da República (PR), em seu programa, em claro abuso do democrático direito de expor sua linha de idéias, empregou boa parte de seu tempo em caluniar o Segundo Império do Brasil, quando poderia utilizar melhor o espaço para defender suas propostas, ou pelo menos, explicar por que o regime republicano está tomado por tantos corruptos...

Logo ao começo, percebe-se a impossibilidade de atacar a figura histórica de Dom Pedro II, classificado como “boa praça, idealista, querido pelo seu povo, honrado e com boas intenções”. De fato, a república não nos ofereceu nada que possa ser comparado.

Fala-se do início da favelização com a chegada de escravos libertos aos morros cariocas. Vergonhosamente, coloca-se nos negros a culpa pelo início da desorganização urbana do Brasil no século XX. Ignoram, ou fazem que ignoram, os planos da Princesa Isabel de assentar os ex-escravos em terras devolutas, em uma autêntica e verdadeira Reforma Agrária, a mesma que jamais foi feita na república. Ignoram, ou fazem que ignoram, que o Brasil Império tinha uma das maiores participações nos processos eletivos do século XIX, e que era uma nação respeitada e ocupava lugar de igualdade face às outras nações, e que a ditadura e a submissão aos interesses internacionais fazem parte da triste herança deixada pelo golpe de 1889.

Impostos demais? Como se pode fazer tal colocação se no Império tínhamos menos de um terço dos impostos que temos hoje? Tínhamos no Império apenas 17 tarifas, enquanto a república já nos cobra 62 tarifas, consumindo 40,69% de tudo o que produzimos. Essa a herança da república quanto à carga tributária.

Colocar a república como aspiração de toda a população, ao termo do século XIX, é no mínimo desconhecer a História Brasileira, ou quiçá uma pilhéria. O Partido Republicano daquela época nunca elegeu mais de três deputados. Então, como chamar a idéia republicana de popular? Pior, é do seio dos próprios republicanos partícipes do golpe de 1889 que sai a palavra comprobatória, pois Aristides Lobo, jornalista republicano, escreveu claramente que a população a tudo assistira "bestializada, atônita, surpresa, sem saber o que significava". Lógico: quem promoveu o golpe de 1889 foram as elites escravocratas revoltadas com a Abolição – os “Republicanos de 14 de Maio”. Isto irretorquivelmente mostra que o povo brasileiro não comungava das ilustres desconhecidas idéias republicanas. Em verdade, era ao Império e a Dom Pedro II que o nosso povo tinha genuíno apreço – daí a razão do banimento ao exílio de toda a Família Imperial Brasileira. Nascia assim a República Velha, ou República Oligárquica, como é chamada pelos livros de História.

Crises? Não exatamente no Império, que nos rendeu quase meio século de estabilidade institucional. Nossa pior crise é hoje, sob a república da corrupção – a maior seqüência de desonras públicas que a História já registrou no Brasil. O Povo Brasileiro está enojado, envergonhado de si mesmo e diante do mundo. Curioso é que tal associação entre Império e corrupção venha do PR, filho da fusão do Prona com o PL, partido político simplesmente afundado até o pescoço no escândalo do Mensalão. Fica aqui o desafio para que se citem no Império Brasileiro indignidades ao menos comparáveis a Mensalões, Mensalinhos, Sanguessugas ou às descobertas de Navalhas, Furacões e congêneres.

Reconheça-se, contudo, que o programa mostra que a república não cumpriu seu papel, após mais de 100 anos. Se 117 anos não bastaram, quantos mais exigirão? Fato é que, com o histórico vergonhoso que a república brasileira teve e tem, é autêntica profanação uma propaganda partidária republicana atacando a lembrança do período histórico que forjou a unidade do Brasil e o encaminhava para um desenvolvimento natural, até ter sua evolução cortada pelo golpe de 15/11/1889.

O desenvolvimento não passa pelos trilhos da forma de governo republicana, ao contrário do que a propaganda insinua. Que o digam ingleses, noruegueses, australianos, canadenses, japoneses e suecos. Aliás, o purismo da idéia de república sequer diz respeito à forma de governo, e sim à de “coisa pública”, “bem comum”. Sob essa ótica, as monarquias dão um banho de republicanismo nas ditas “repúblicas”, ao demonstrar um respeito pelo erário que não se vê na história brasileira desde 15/11/1889. Ao contrário do que a propaganda sugere, a corrupção, no Brasil, encontrou terreno fértil após o golpe da república, fato atestado por pessoas que vivenciaram ambos os períodos históricos, quais sejam Monteiro Lobato e o republicano arrependido Rui Barbosa.

Nós, monarquistas parlamentaristas do Século XXI, defendemos uma forma e um sistema de Governo que sejam baratos e que garantam a transparência, a eqüidade, a justiça, a liberdade e a democracia, bem como o inabalável respeito pelo bem comum, em proveito de todos e não de poucos – eis o verdadeiro significado histórico da palavra república.
São Paulo (SP), 07 de Setembro de 2008

Subscrevem as instituições:

Instituto Brasileiro de Estudos Monárquicos (IBEM Nacional) de Brasília - DF
Instituto Brasileiro de Estudos Monárquicos de Minas Gerais (IBEM-MG);
Instituto Brasileiro de Estudos Monárquicos do Rio Grande do Sul (IBEM-RS);
Movimento Monárquico Brasileiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário