terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Os Doze Princípios da Doutrina Integralista.


1. O Integralismo exige que a mocidade não se entregue aos prazeres materiais, mas dignifique a sua Pátria no trabalho, no estudo, no aperfeiçoamento moral, intelectual e físico.

2. O Integralismo não concede o direito de se denominarem “revolucionários” aqueles que revelarem incultura e simples temperamento de aventureiros ou de insubordinados.

3. O Integralismo declara verdadeiros heróis da Pátria: os chefes de família, zelosos e honestos; os mestres; os humildes de todos os labores, das fábricas e dos campos, que realizam pelo espírito, pelo cérebro, pelo coração e pelos braços a prosperidade e grandeza do Brasil.

4. O Integralismo considera inimigos da Pátria todos os que amarem mais os sofismas, as sutilezas filosóficas e jurídicas do que o Brasil, à ponto de sobrepô-los aos interesses nacionais; os que forem comodistas; preguiçosos mentais; vaidosos; alardeadores de luxo e de opulência; opressores de humildes, indiferentes para com os cidadãos de valor moral ou mental; os que não amarem as suas famílias; os que pregarem doutrinas enfraquecedoras da vitalidade nacional; os “blasés”; os céticos; os irônicos, míseros palhaços desfibrados.

5. O Integralismo quer a Nação unida, forte, próspera, feliz, exprimindo-se no lineamento do Estado, com superior finalidade humana.

6. O Integralismo não pretende erigir o Estado em fetiche, como o socialismo; nem tampouco reduzi-lo a um fantoche, como o liberalismo. Ao contrário de um e de outro, quer o Estado vivo, identificado com os interesses da Nação que ele representa.

7. O Integralismo não admite que nenhum Estado se superponha à Nação ou pretenda dominar politicamente os outros. Não admite que o regionalismo exagerado e dissociativo se desenvolva em qualquer ponto do território da Pátria.

8. O Integralismo, pela constante ação doutrinária e apostolar, não permite que os demagogos incultos ou de má-fé explorem a ingenuidade das turbas, muito menos que a imprensa subordine a sua diretriz a interesses de argentários ou poderosos em detrimento da Nação.

9. O Integralismo dará um altíssimo relevo aos pensadores, filósofos, cientistas, artistas, técnicos, proclamando-os supremos guias da Nação.

10. O Integralismo quer a valorização das corporações de classe, como se fazia na Idade Média, onde os grupos de indivíduos eram valorizados.

11. O Integralismo quer acabar, de uma vez para sempre, com as guerras civis, as masorcas, as conspirações, os ódios, os despeitos, unindo todos os brasileiros no alto propósito de realizarem uma Nação capaz de impor-se ao respeito no Exterior.

12. O Integralismo não é um partido; é um Movimento. É uma atitude nacional. É um despertar de consciências.

É a marcha gloriosa de um Povo!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Arte de Semear Ideias (fragmentos)

Por Plínio Salgado.

A arte de semear ideias é uma arte difícil. Não pelo que exige em qualidades de ação, mas principalmente pelo que reclama em virtudes de resistência.

Não é somente escrevendo e publicando livros, redigindo e estampando artigos nos jornais, subindo à tribuna e proferindo discursos, nem lecionando ou simplesmente conversando, que se consegue semear ideias capazes de germinar.

Essa resistência, em cada minuto de sua vida, é que constitui o humus alimentador e vivificador das ideias semeadas. Sim; essa resitência é que determina a continuidade, a permanência, a fidelidade, que são os fatores operantes nos processos da germinação das ideias.

Porque o grande drama dos portadores de idéias novas consiste justamente no contraste entre estas e a realidade humana que é o solo onde o semeador deita a sementeira.
Essa resistência, essa capacidade para compreender e perdoar, essa energia na manutenção dos propósitos, esta linha imperturbável de marcha, tudo isso consiste a grande arte de semear ideias.

A arte de semear ideias é sem duvida, uma arte difícil. Mas, por isso mesmo, é bela.
Que a juventude de nossa Pátria saiba pratica-la. E poderemos ter confiança no Futuro.

(Na íntegra no livro, Recosntrução do Homem, cap. III)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Integralismo em Sumaré


Há tempos a Frente Integralista Brasileira não mede esforços para propagar a Doutrina do Sigma a todos os cantos de nossa Pátria. Abençoados por Deus e assumindo também este compromisso patriótico, nós, Integralistas da Cidade de Sumaré, no interior de São Paulo temos a honra de anunciar a criação do Núcleo Integralista Municipal de Sumaré. 

Movidos por profunda paixão pelo Brasil e impelidos a agir neste momento preciso em defesa das tradições e dos valores cristãos, nos lançamos nesta cidade à missão de desfraldar a Bandeira do Sigma com o objetivo de trazer ordem ao caos político em que se encontra a Região Metropolitana de Campinas (RMC).
As cidades da região passam por seu pior momento político, tendo trocado sucessivamente prefeitos e partidos envolvidos, um após o outro, nos mais inescrupulosos crimes e atos de corrupção.
Diante desta situação de crise as cidades do interior de São Paulo encontram-se abandonadas, vítimas de seus (dês) governos atuando a bel prazer em prejuízo das populações que nelas se encontram: obras inacabadas de hospitais, escolas e praças, que deveriam servir ao povo, mas, cuja receita acaba nos bolsos de políticos de direita e de esquerda. 

Em Campinas, enquanto os partidos de facções (outrora coligados!) brigam por eleições diretas ou indiretas para escolha de um novo prefeito ou correm atrás de liminares, o povo sofre com a insegurança, o descaso e o abandono total. 

Cai entre a população a dúvida sobre seu próprio destino. Cabe a nós, Integralistas, devolver-lhes a esperança. A situação é a mesma e tão desagradável quanto nas cidades próximas de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara D’Oeste. 

Este é o momento para todos os verdadeiros patriotas do interior de São Paulo unirem-se com o objetivo de levar os verdadeiros ideais da pátria brasileira, a Doutrina do Sigma, às mais diversas localidades, ajudando a preparar a Nação para os que virão depois. Não é hora de ter medo ou temer as calúnias e difamações ou a luta na surdina travada pelos inimigos de Deus, da Pátria e da Família, mas, sim o momento para enfrentar estas e outras adversidades que possam aparecer. Estamos unidos Pelo Bem do Brasil e comprometemo-nos a não esmorecer frente as batalhas que estão por vir, pois, sabemos que de nossa vitória ou derrota depende a vitória ou derrota de uma Nação. 

Desfraldemos a Bandeira do Sigma! 

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Perguntas e Respostas sobre o Integralismo.

A bandeira Integralista:

A bandeira do Movimento Integralista é simbolizada por uma bandeira azul e branca com as seguintes características: em campo azul real, uma esfera branca, ao centro da qual se destaca um Sigma maiúsculo em cor preta.O azul da bandeira simboliza a atitude do pensamento integralista. Evoca distâncias, mostrando que o Integralismo não se submete aos limites políticos que nos têm amesquinhado, mas tem um grande ideal que é a integridade do Brasil e a projeção de sua grandeza entre os povos do Universo. A esfera branca mostra a pureza de sentimentos e a sinceridade dos propósitos integralistas. A cor branca é ainda a resultante da mistura de todas as cores, e o Sigma nela inscrito significa, como está dito acima, é a integralização de todas as Forças Sociais na suprema expressão da Nacionalidade.

O lema integralista:
 “Deus, Pátria e Família
O Integralismo adotou como lema, as palavras “Deus, Pátria e Família”, que foram as últimas proferidas pelos lábios do Presidente Afonso Pena, em seus últimos instantes de vida. Afonso Pena morreu em pleno exercício do seu mandato presidencial(1906/1909), vítima do surto de gripe espanhola que então assolava o País. Os integralistas aproveitaram estas últimas palavras do ex-Presidente, para usar como lema, pois se encaixam adequadamente nos princípios que norteiam a Doutrina do Sigma:
Deus(que dirige o destino dos Povos),Pátria (Nosso lar) e Família (Início e fim de tudo).
 
O que significa Anaue?
A palavra “Anauê!” é um vocábulo Tupi, que servia de saudação e de grito dos nossos indígenas. É uma palavra afetiva que quer dizer “ Você é meu irmão” (Dicionário Montona). Como o Integralismo é a Grande Família dos Camisas-Verdes, e um Movimento Nacionalista, de sentido nativista . Anauê foi a palavra consagrada em louvor do Sigma. É a exclamação da saudação integralista. Serve ainda para exaltar, afirmar, consagrar e manifestar alegria.
 
O que e o Sigma?
O Sigma é o sinal simbólico do Movimento Integralista; É uma letra grega que corresponde ao nosso “S” , e indica soma; É usada para indicar a soma dos finitamente pequenos; e também era a letra com a qual os primeiros cristãos da Grécia indicavam o nome de Cristo (Soteros). Ele lembra que o nosso Movimento é no sentido de integrar todas as Forças Sociais do País na suprema expressão da Nacionalidade, daí a nossa luta para implantar o Estado Integral.
 
Integralismo e o racismo:
O Integralismo é racista e/ou anti-semita?

Não, pelo contrário, esse tipo de sentimento só tem a prejudicar a nação como um todo, coisa que o Integralismo repudia. Nossa intenção é juntar todas as forças produtivas e classes da Nação numa única direção de progresso, e para isso precisaremos do branco, do negro e do índio. Não faria sentido algum nutrir qualquer espécie de preconceito racial num país tão miscigenado como o Brasil, o Integralismo é consciente da realidade brasileira e como tal identifica a mistura de raças como traço característico e imutável do Brasil. Para deixar essa questão bem clara, transcrevemos abaixo as palavras do próprio Plínio
Salgado sobre o tema :
''Não sustentamos preconceitos de raça; pelo contrário, afirmamos ser o povo e a raça brasileiros tão superiores como quaisquer outros. Em relação ao judeu, não nutrimos contra essa raça nenhuma prevenção. Tanto que desejamos vê-la em pé de igualdade com as demais raças, isto é, misturando-se, pelo casamento, com os cristãos.''
 
Integralismo x democracia
O Integralismo é contra a democracia e a liberdade?

Não, pelo contrário, o Integralismo quer restituir a verdadeira democracia como a forma de governo na qual o bem comum da sociedade é priorizado, ao contrário do que ocorre hoje em dia quando uma verdadeira cleptocracia se instalou em Brasília roubando os cofres da nação sob o pretexto de governar para o povo.
O Integralismo entende a democracia como o estado de direito onde as liberdades individuais são garantidas e é dado a cada um e a todos a oportunidade de exercer seu papel dentro do contexto social, desenvolvendo seus potenciais, produzindo riqueza para sua família através do trabalho e contribuindo assim para o engrandecimento da nação. Conseqüentemente, não pode haver democracia onde há corrupção generalizada, altos níveis de desemprego e uma criminalidade organizada e desenfreada. Portanto, o Integralismo não quer acabar com a democracia, mas restituí-la.

Movimento ultrapassado?
Não é o Integralismo um movimento do passado, que não faz mais sentido no mundo
moderno?

O Integralismo trata, numa última análise, do próprio destino superior e espiritual do homem, e essa questão nunca ficará obsoleta. Embora surgida na década de 1930, estruturada sob o pensamento de Plínio Salgado, a doutrina Integralista compreendeu com maestria a alma brasileira em todos seus aspectos culturais, sociais e políticos, que permanecem basicamente os mesmos até hoje.
Além disso, os atuais Integralistas têm empreendido um grande esforço intelectual e prático na tentativa de renovar alguns aspectos necessários do movimento para que ele esteja apto a enfrentar os novos desafios e dilemas que o século XXI nos apresenta.

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Sentido e Ritmo da Nossa Revolução


SENTIDO E RITMO DA NOSSA REVOLUÇÃO
Plínio Salgado

A Ação Integralista Brasileira é um movimento revolucionário, não no sentido comum que se empresta a esta expressão, porém num sentido mais alto e profundo. Quando falamos “revolução integralista” não nos referimos à arregimentação de forças heterogêneas e confusas, tangidas unicamente pelos descontentamentos coletivos e objetivando exclusivamente o assalto ao Poder. Este movimento, que é o maior do mundo em extensão geográfica, abrangendo um território igual ao da Europa, e que é o mais impressionante da História Pátria, desde o Descobrimento, é, também, como fenômeno espiritual, o mais expressivo dos tempos modernos, assim como é o mais tipicamente cultural de todos os movimentos sociais e nacionalistas contemporâneos.
A revolução integralista se processa em dois planos simultaneamente:
1º) – O plano espiritual mediato;
2º) – O plano cultural, imediato.
No plano espiritual, o objetivo é mediato, porque para atingi-lo teremos de levar muitos anos de doutrinação, de educação constante do povo, de esforço individual de cada um. No plano cultural, o objetivo é imediato, porque o Brasil necessita, desde logo, de uma transformação do Estado, mediante a qual poderemos, como queria Alberto Torres, assumir nova atitude em face dos problemas.

A Revolução Espiritual
Seria ridículo que nós nos apresentássemos à Nação, dizendo: “somos os homens perfeitos, somos os únicos honestos, somos os santos e os heróis, só a nós assiste o direito de governar o país”. Essa atitude de orgulho é que tem posto a perder a todos os que julgaram salvar o Brasil mediante simples revolução de quadros, simples mudança de homens. Em 1930, brasileiros bem intencionados, porém tentados pelo demônio da vaidade, apresentaram-se à Nação como os “puritanos da Pátria”. Esse espírito de puritanismo não permitiu que os problemas nacionais fossem estudados na sua complexidade e nas suas mais profundas raízes, criando-se, apenas, o mito da “moralidade administrativa”, que, sendo um dever, não pode ser objeto de programa. O Integralismo sabe que o Brasil não é um país de santos canonizados nem de anjos pulcros. A doutrina do Integralismo, em relação às questões de Estado não vai buscar a sua inspiração no otimismo de Rousseau e de Locke. Pelo contrário, somos pessimistas em relação à possibilidade de uma instantânea transformação dos homens, repousando toda a nossa esperança imediata na transformação do regime, de modo a policiarmos as tendências más que uma educação materialista agravou no país. Não vamos aos excessos pessimistas de Hobbes, imaginando o Leviatã, o Estado absorvente, anulador de todas as liberdades. Conservamo-nos na linha realista, crentes de que uma obra sistemática de educação individual e da coletividade elevará a média das virtudes morais e cívicas do povo brasileiro, cuja estrutura mais íntima nos revela traços de superioridade incontestável. Essa obra de educação é que nós chamamos a “revolução espiritual” e é em razão dela que nos distinguimos tanto do Fascismo como do Hitlerismo, imprimindo um sentido profundo ao nosso movimento.

Fariseus e publicanos
Há no Evangelho uma parábola que serve para ilustrar o nosso pensamento. É a do fariseu e do publicano. Enquanto aquele vai se ajoelhar próximo ao altar, vangloriando-se de suas virtudes, da sua incorruptível maneira de cumprir a lei de Moisés, o pobre publicano ajoelha-se na porta do templo de Salomão, exclamando: “Não sou digno Senhor, de me aproximar de vós”. O Divino Mestre afirma que o publicano está no caminho da perfeição e esse é o caminho que eu indico a todos os integralistas. O primeiro ato revolucionário do integralista é assumir essa atitude humilde diante da Pátria. Em vez de viver apontando os defeitos alheios, procurar descobrir os próprios defeitos e corrigi-los. Confiar mais no gênio da raça e na inspiração de Deus do que nos seus próprios méritos. Ferir de morte a vaidade, aceitando muitas vezes o comando de um companheiro que tem uma posição social inferior à sua. Vencer a si próprio, contrariando-se, ciliciando-se a todo instante em coração e espírito, convencido de que num país onde cada qual é intransigente em relação aos seus semelhantes, não existe possibilidade de harmonia social nem de grandeza da Nacionalidade. Dominar o comodismo, a preguiça, o ceticismo, a desilusão, o cansaço, a impetuosidade, o egoísmo, o apego às glórias falazes,
convencido de que ninguém tem o direito de pretender orientar uma Pátria, quando não é capaz de governar-se a si próprio. Esforçar-se, instante a instante, na aprendizagem do domínio de si mesmo, pois é neste domínio que reside a essência da autoridade pessoal de cada um. Cultivar o amor ao seu povo e a generosidade para os que se manifestam incapazes de compreender este movimento, porque a conquista de todos os brasileiros muito depende da perseverança, da paciência, da tenacidade e serenidade dos nossos doutrinadores. Despertar em si próprio as forças do sentimento nacional porque a fusão de todas as centelhas de patriotismo de cada coração formará a fogueira que incendiará o grande coração da Pátria. Pedir a Deus coragem e paciência, fortaleza e inspiração, energia e bondade, severidade sem alarde, bravura sem ostentação, virtude sem orgulho puritanista, humildade sem indignidade e dignidade sem egolatria.

Luta subjetiva e ação objetiva
Essa é a revolução interior, a revolução espiritual. Nós sabemos que ela se processará devagar, porque estamos encharcados dos vícios de uma educação materialista, de uma educação farisaica de catonismos hipócritas em que se esfacelou uma República que confiou mais nos doutores da lei do que na realidade da Pátria e nas profundas verdades humanas. Sei que essa Revolução Espiritual durará muito tempo e o seu triunfo completo só se dará nas futuras gerações. É por isso que, paralela a essa transformação do espírito nacional, estamos acionando a Revolução Cultural. Há no Integralismo uma revolução subjetiva e outra objetiva.

Transformação do Estado
Não podemos nos cingir exclusivamente à transformação espiritual, porque temos problemas imediatos e, principalmente porque, dentro do atual regime, tudo se tornará mais difícil para atingirmos os objetivos morais que colimamos. Enquanto a revolução espiritual se processa, por assim dizer, numa progressão aritmética, a outra, a revolução cultural se opera numa progressão geométrica. Os resultados que iremos obtendo, em síntese, podem ser comparados à razão logarítmica das duas revoluções.
O problema da transformação do Estado subordina-se a uma concepção filosófica da qual decorrem as soluções dos problemas político e econômico. Partimos do princípio da autoridade moral do Estado, do conceito ético do Estado. Esse princípio se origina da própria concepção do Universo e do Homem, encarados de modo integral. A subordinação do mundo da matéria e da força ao mundo do espírito e da vontade. A síntese das concepções científica e espiritual que marcam os aspectos das filosofias da Idade Média e do século XX. Repelimos todas as unilateralidades tão características do século passado. Assim fazendo, não condenamos de um modo absoluto, os esforços prodigiosos dos pensadores, sociólogos e economistas do século XIX. Entendemos que cada corrente se colocou num ponto de vista restrito. A sociedade tem de ser encarada de um modo total, não só em relação a seus aspectos formais, porém à natureza e direção de seus movimentos. Não ficamos com aqueles que, como Spencer, subordinaram tudo à sistematização do evolucionismo darwiniano, justificando as opressões da burguesia contra os trabalhadores; nem com aqueles que, como Le Play, Ratzel, Demoulins, pretenderam ver na geografia social a única chave dos problemas políticos; nem com aqueles que, como Gobineau ou Gumplowicz, apontavam toda a solução do problema étnico no mistério dos plasmas germinativos; nem com Karl Marx, que considerou uma única face do Homem, a
face econômica, e muito menos com Adam Smith, precursor de Marx, que acreditou no dogma das leis naturais em economia; nem com Sorel que reduziu tudo a luta de classe; nem tampouco com aqueles que negaram a luta de classe. Nós, integralistas, somos homens do século XX, ao passo que os liberais, os comunistas, os reacionários de estrema direita, os socialistas timoratos, os republicanos positivistas, os cientifistas políticos são homens de uma época que se assinalou pelo sentido da análise. Vivemos hoje uma época de síntese. Quando as ciências se encontram todas no recesso do átomo, quase se confundindo a química com a astronomia, a velha verdade de Aristóteles surge do fundo da misteriosa harmonia da gravitação dos iônios, mostrando-nos em todas as expressões do Universo a diferenciação, na unidade. Essa forma de mentalidade nova abre novos horizontes aos problemas políticos. O conceito revolucionário ganha uma nova significação, como direito do Espírito e
transformação permanente do Estado, guardados os princípios do Direito Natural e objetivando o destino supremo do Homem, segundo uma concepção espiritualista da existência. O Estado passa a ser o Grande Revolucionário, falando em nome das inquietações, dos desejos, das aspirações superiores, dos sentimentos de Justiça da Nação. O Estado adquire, assim, uma autoridade nova, sobrepairando aos interesses de grupos sociais, políticos ou econômicos. O Estado passa a ser o supervisionador, o mantenedor de equilíbrios, a concretização do ideal de justiça e de liberdade, o criador dos ritmos sociais.

Consequências da nova concepção do Estado
Uma vez que o Estado se constrói de acordo com a alma de uma Nação e recebe desta o poder revolucionário, ele, o Estado, tem o direito e a autoridade suficientes para interferir com energia no campo econômico e social, político e financeiro, recompondo equilíbrios, sempre que alguns elementos da sociedade se hipertrofiem em detrimento de outros. É a atitude nova em face dos problemas. Revolução, em verdade, é mudança de atitude. Verificando que a democracia está desvirtuada por erros dos sistema; que o sufrágio universal é a maior das mentiras, a fonte de todo o caudilhismo político, o instrumento de opressão dos ricos contra os pobres; que a quantidade excessiva de partidos decorre do sufrágio e que os partidos são hoje em número tão grande(150 inscritos no Superior Tribunal Eleitoral) que só servem para anarquizar a Nação, enfraquece-la, dividi-la e alimentar a popularidade fácil de demagogos espertos; que a maior enfermidade do país é o regionalismo político, alimentado pelos partidos situacionistas e oposicionistas dos Estados, que não dão tempo aos brasileiros de pensar um pouco nos problemas gerais da Nação; que os problemas econômicos são tratados pelo critério exclusivamente regionalista, em consequência da estreita mentalidade que os partidos provincianos estão criando; que o povo brasileiro está dividido e, por isso, enfraquecido, não podendo opor-se à exploração do capitalismo estrangeiro; que os parlamentos políticos constituem um entrave às medidas de ordem econômico-financeira que só um governo forte, ético, baseado em novos princípios de economia política, poderá tomar: - o Estado Integralista terá de substituir, imediatamente, afim de salvar a verdadeira democracia das garras de oligarquias financeiras, o arcaico aparelhamento dos partidos pela organização corporativa da Nação. Cada brasileiro terá de se enquadrar dentro da sua profissão. A vontade nacional será traduzida com honestidade e realidade, no âmbito dos interesses de cada classe. Só os vagabundos ficarão de fora, pois todo homem que trabalha terá de defender seus interesses dentro da sua corporação. Estará acabada a demagogia tanto civil como militar, ambas perniciosas, ambas atentatórias dos legítimos direitos de um povo, ambas opressoras, ambas fontes do caudilhismo, das oligarquias, da politicagem mais grosseira e pretensiosa. Isto feito, a Nação estará em condições de olhar de frente os grupos financeiros internacionais, dizendo a palavra que ainda não foi dita, desde que nos amarramos ao pé da mesa dos magnatas de Londres, há mais de cem anos. O Estado Nacional Integralista poderá então iniciar a revolução da moeda, fundamental para a libertação de uma Pátria, de um povo de 40 milhões de habitantes e entravado na sua produção, no seu comércio, na incrementação de suas fontes de riqueza por um sistema absurdo que vem sendo posto em prática desde o alvorecer do século passado, com o fim exclusivo de facilitar as especulações indecentes das Bolsas, o jogo criminoso do câmbio, a elevação das taxas de juros, a escravização de todos os produtores. Longo seria expor os pormenores dessa grande revolução econômica; entretanto, estamos certos, nós, os integralistas, de que dentro do atual regime, não haverá jeito algum de solucionar-se o problema financeiro do país. Nem o problema financeiro, nem o da justiça social. A socialdemocracia, implantada no Brasil pela Constituição de Julho, nunca resolveu as questões de outros países; pelo contrário, agravou-as. A questão proletária no Brasil se entrosa com todas as outras questões de ordem econômica, financeira, ética e jurídica. Os socialistas no Brasil são da marca daqueles a que se refere Durkheim, dizendo que para eles o socialismo é apenas a questão operária. Nós, integralistas, sabemos que o caso operário no Brasil terá de ser resolvido no conjunto que forma o quadro completo dos problemas nacionais.

Visões unilaterais
Aliás, a unilateralidade é ainda um vício remanescente do século XIX, que temos de corrigir nos brasileiros. Muitos pensam que a solução do nosso caso está, por exemplo, na questão dos transportes; outros que ela está na questão do café; outros só pensam no combustível, outros julgam encontrar a chave no livre-cambismo, ao passo que outros são protecionistas. Muitos acham que a alfabetização é o único problema, outros só falam no saneamento. Alguns só pensam no quadro econômico, outros só pensam no quadro moral e religioso. Muitos reduzem tudo a uma questão de moralidade administrativa. Há os fanáticos do problema dos latifúndios como há os que só se preocupam com a organização cooperativa. Observo que a tendência geral tem sido a de subordinar as questões mais complexas a um fator único. Essa mentalidade os integralistas têm de combater, justamente porque a sua doutrina é integral. Todos os problemas se reduzem a um só: o problema do Brasil. Tudo tem de ser enquadrado num só pensamento e subordinado a uma única orientação geral e supervisionadora.

Os integralistas estudam
Orientada pelos grandes lineamentos doutrinários do Sigma, adotando um método crítico próprio e objetivando uma finalidade política preestabelecida, funciona em intensa atividade, a nossa Secretaria Nacional de Estudos. Dividimos as tarefas segundo as especialidades. Orientamos as pesquisas, o trabalho das comissões num só sentido. Em todas as Províncias funcionam as Secretarias Provinciais de Estudos, em correspondência com a Secretaria Nacional. São filósofos, sociólogos, economistas, pedagogos, técnicos, que pusemos em constante atividade, pois o nosso movimento é rico em valores culturais. É nesse setor que estamos operando a revolução da cultura, tornando cada vez mais nítida uma doutrina de Estado, criando futuros estadistas pelo recrutamento de valores novos que surgem de uma mocidade inquieta.

A disciplina
A revolução espiritual nós a realizamos nos quadros da Secretaria Nacional de Educação. Somos hoje 400.000 brasileiros que, em 1.123 núcleos que funcionam em todo o país, constituímos uma só família. Os integralistas não dizem à Nação o que costumam dizer os puritanos e os fariseus do regime, atribuindo-se virtudes super-humanas. Os integralistas exclamam: “Somos brasileiros de boa vontade. Amamos nossa Pátria, cremos em Deus, estremecemos nossas famílias. Queremos ser bons e fazemos esforço para isso. Esperamos que Deus, que pôs a sua cruz de estrelas no céu do Brasil, nos inspire cada dia e nos ajude a cultivar as virtudes cívicas”. O tempo que um integralista perderia fazendo acusações deve ser empregado fazendo exame de consciência e corrigindo as vaidades a fim de, um dia, quando tiver autoridade nas mãos, não assumir atitudes quixotescas alardeando superioridades ridículas. O integralista sabe que tudo deve dar à sua Pátria, que nada deve pedir a ela. Sabe que sofrerá injustiças, será alvo de mentiras, de injúrias e calúnias, será ridicularizado por muitos e até apontado como louco. Abrasado pela divina loucura do amor da Pátria, ele a tudo será surdo. Suportará com alegria todas as perseguições que porventura lhe façam por ser integralista. Sofrerá a agressão dos comunistas, defendendo-se, mas sem ódio, porque o comunismo é um fenômeno de dor num espírito desorientado pelos maus. Nunca deixará de cumprir uma ordem de seus superiores, desde que ela não fira os princípios cristãos em que se baseia o nosso movimento, porque uma ordem certa e discutida torna-se mais perniciosa do que uma errada e cumprida, porque esta, pelo menos, prestigia o princípio de autoridade e revela em quem obedece a um triunfo moral sobre si próprio. Quem não sabe obedecer jamais saberá comandar e o Integralismo é também uma escola de comandantes. A nossa disciplina condena todos os conchavos de bastidores com forças políticas liberais-democráticas, porque eles enfraquecem o princípio da autoridade. Nossa propaganda é a descoberto, para que não haja compromissos de ordem particular. A essência do regime que desejamos é incompatível com processos maquiavélicos. Toda a preocupação dos integralistas é formar uma grande família, presa pelos laços indestrutíveis de uma doutrina e de uma solidariedade moral profunda.

Caráter brasileiro do movimento
O que distingue o Integralismo dos movimentos nacionalistas que hoje se processam em quase todos os países do mundo é exatamente o alto sentido cultural e o profundo sentido sentimental. Cristalizando, dia a dia, uma unidade de pensamento, o Integralismo não se baseia num homem, porém num sistema de ideias. Seus alicerces, pois, são os mais sólidos possíveis. O Chefe não passa de um simples soldado, que eventualmente exprime o princípio da autoridade. Estamos realizando um movimento para séculos e não para quadriênios. Não pretendemos uma ditadura porque só os povos bárbaros toleram ditaduras, ainda quando estas venham disfarçadas em positivismos de segundo grau, em consulados militares ou comitês ou juntas de salvação pública. Não nos insurgimos contra homens, porque eles são produtos dos partidos. Os partidos são produto de um regime. O regime é produto de uma civilização. Essa civilização é produto de uma filosofia de vida. Essa filosofia de vida é produto de uma atitude de orgulho do homem. É aqui que encontramos o pivô do imenso maquinismo da economia e da política, maquinismo descontrolado, sem ritmo lógico e apenas expressivo da confusão dos espíritos no século XIX. É, entretanto, no sentimento delicado do povo brasileiro que vamos encontrar a chave com que abrimos as portas do século XX. Para compreender o movimento integralista é necessário compreender a alma brasileira e sentir os dramas universais. E essa compreensão é mais simples do que parece. Basta libertarmo-nos de nós mesmos, isto é, dos prejuízos de uma civilização desumana e de uma cultura livresca. Ser simples como a água e como a luz. Ser pobre em coração e em espírito. A lição política das nacionalidades está mais nas coisas simples e boas do que nas complicações com que o charlatanismo de um século, que entronizou o empirismo, perturbou ainda mais as almas agitadas dos povos.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pelo Bem do Brasil!


Há tempos que a Frente Integralista Brasileira não mede esforços para divulgar e levar a Doutrina do Sigma para todos os cantos da Pátria. É com esse dever patriótico e abençoados por Deus, que na cidade de Sumaré, se faz o primeiro Núcleo Integralista do interior de São Paulo. Movidos por profunda paixão pelo Brasil, em defesa das tradições e valores Cristãos, que nos lançamos à missão de desfraldar a Bandeira do Sigma, com o objetivo de colocar ordem no caos político que a Região Metropolitana de Campinas se encontra. A cidade campineira, passa pelo seu pior momento político da história, tendo trocado sucessivamente de prefeitos e seus partidos, envolvidos nos mais escrupulosos crimes de corrupção. Não por menos, passam as outras cidades do interior, com seus (des)governos atuando a bel prazer. Diante dessa situação, as cidades interioranas e sua gente encontram-se abandonados em obras inacabadas de hospitais, praças e escolas, que deveriam servir ao povo, mas que acabaram nos bolsos dos políticos de direita e de esquerda. Em Campinas, enquanto os partidos de facções (outrora coligados!) brigam por eleições diretas ou indiretas para escolha do novo prefeito, através de liminares, o povo sofre com a insegurança, o descaso e o abandono total. Cai entre a população a duvida sobre seu próprio destino. Cabe a nós, Integralistas, devolve-lhes a esperança. A esquerda, como sempre foi de praxe, aproveita a situação para aparecer, sempre criticando, aqueles que segundos atrás faziam parte de seus quadros, e se esquecem de que, dentre os prefeitos que passaram pela cidade nos últimos meses, encontra-se um do PT, apoiado em massa pelos comunistas. Nas cidades de Americana, Nova Odessa, Sumaré, e Santa Barbara D’Oeste a situação não é menos desagradável em todos os contextos.

Esse é o momento de todos os Integralistas do interior se unirem, para levar a doutrina do Sigma adiante, e honrar, os esforços dos que vieram antes de nós, preparando um País Integral para os que virão depois, sem temer as calúnias, as difamações, a luta nas surdinas que nossos inimigos, que são inimigos de Deus, da Pátria e da Família, das tradições, travam e irão travar contra nós.  Já nos alertava nosso Chefe Plínio Salgado em seu livro “Palavra Nova dos Tempos Novos” que essa luta “Infelizmente, não virá de peito a descoberto. Virá covardemente, no anonimato, em que se enrosca a calúnia e as injúrias.” Estamos aqui para enfrentar essas e outras adversidades que aparecem em nosso caminho, e reafirmar nossos princípios básicos, a dizer, a crença em Deus, a Concepção Integral do Universo e do Homem e a Intangibilidade da pessoa humana e de suas projeções no espaço e no tempo.

Estamos unidos Pelo Bem do Brasil, e juramos não esmorecer frente às batalhas que estão a nossa espera, porque sabemos que de nossa vitória ou derrota, depende a vitória ou derrota de uma Nação.

Pelo Bem do Brasil! Anauê!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Manifesto de 13 de Maio

À mocidade civil e militar do nosso Brasil;
aos homens e mulheres de todas as classes e etnias formadoras da Nacionalidade, sob as bênçãos de Deus e de nossos ancestrais, sonhando uma Pátria Nova, uma Nação Maior e Melhor, livre da miséria e dos preconceitos étnicos.

O Integralismo, movimento cívico, político, cultural e social alicerçado numa visão integral do Universo e do Homem, luta pela edificação de um Estado Ético e de uma Democracia Orgânica e condena, à luz dos ensinamentos do Evangelho e de pensadores como Alberto Torres, todas as teorias defensoras da superioridade de determinadas etnias sobre outras. Defende, a Doutrina do Sigma, portanto, que o nosso povo é tão capaz quanto qualquer outro e que o Brasil deve se tornar efetivamente uma Democracia Étnica onde brancos, negros, índios, orientais, caboclos, mulatos, cafuzos e demais mestiços vivam em harmonia e em igualdade de deveres e de direitos em face da Sociedade e do Estado.
Os Integralistas, partidários da harmonia social e étnica que somos, rejeitamos tanto a luta de classes quanto a luta de “raças” e fazemos nossas as palavras de Plínio Salgado, criador, Chefe perpétuo e principal doutrinador do Integralismo Brasileiro, quando preleciona que “o problema do mundo é ético e não étnico”.
Σ Σ Σ
Há milênios que têm se manifestado, entre os diversos povos da Terra, o orgulho étnico. Os helenos, ou gregos, por exemplo, movidos pelo orgulho que sentiam da magnífica Civilização e da apurada Cultura por eles criadas, se julgavam superiores aos demais povos, a que denominavam bárbaros. Mesmo grandes pensadores da Hélade, como Aristóteles de Estagira, têm, em suas obras filosóficas, passagens reveladoras de preconceitos étnicos.
Os romanos, criadores de igualmente portentosa Civilização e Cultura, além de um vasto e glorioso Império que dominou a quase totalidade do Mundo então conhecido, também viam os demais povos como bárbaros. Cumpre ressaltar, porém, que, sobretudo a partir do reinado de César Augusto, os preconceitos do povo romano contra os demais povos do Império foram caindo, ao mesmo tempo em que tais povos absorviam a Cultura Romana e a própria cidadania romana era a eles estendida.
É provável, contudo, que nenhum povo da Antiguidade tenha sido tão racista quanto o povo hebreu, como comprovam diversas passagens do Antigo Testamento, valendo sublinhar que tal racismo não se alicerçava no sentimento de orgulho diante de sua Civilização e Cultura - que, aliás, estavam muito longe de figurar entre as mais extraordinárias -, mas sim em sua crença religiosa.
O Cristianismo, porém, traz uma nova concepção de Mundo, uma nova cosmovisão em que não há lugar para os preconceitos baseados em uma pretensa pureza de sangue, no nível de Civilização e de Cultura ou no poder e extensão de um Império. Cristo universaliza o culto monoteísta, demonstrando que Deus não é o privilégio de uma casta, uma classe, uma etnia, uma pátria ou uma nação, estando em toda a parte, dirigindo o destino de todos os povos e ouvindo toda a Humanidade, onde quer que um coração puro se eleve pela Fé.
À luz da Fé Cristã, todos os homens são irmãos, havendo sido criados pelo mesmo Deus onipotente e misericordioso à Sua imagem e semelhança e remidos pelo sangue de Jesus Cristo.
A Igreja, fundada pelo próprio Cristo, abre a todos as portas da salvação pelo sacramento do batismo, sendo, ademais, a intérprete do Direito Natural. Todos são iguais diante deste, que se constitui na leitura da Lei Eterna pelo Homem à luz da razão.
Na chamada Idade Média, quando a Filosofia do Evangelho dominava as nações, a sabedoria e a virtude penetravam as leis, os costumes e as instituições dos povos europeus; quando era por Cristo e com Cristo que tudo se fazia; quando imperava, enfim, a Civilização Cristã, não havia espaço para o racismo. A denominada Idade Média, tão deturpada por seus adversários, os inimigos da Cristandade, que a denominaram “Idade das Trevas”, foi, antes, cumpre salientar, a “Idade da Luz” em que se erigiram as grandes catedrais, os castelos e os mosteiros, se fundaram as universidades e se escreveram obras do quilate da Suma Teológica, de Santo Tomás de Aquino, e da Divina Comédia, de Dante Alighieri.
Havendo atingido, o Medievo, seu apogeu no século XIII, entrou ele em decadência logo após, no período que Huizinga denomina “Outono da Idade Média” e que foi marcado pelo surgimento das ideias voluntaristas de Duns Scott e Guilherme de Occam. Negando a ordem racional objetiva que se impõe à Vontade, sustentaram eles o primado desta, preparando o caminho àqueles que, séculos mais tarde, afirmando a plena autonomia da Vontade, negariam o fundamento transcendente da Ordem Moral, Ética e Jurídica, erigindo o Estado em fonte única da Moral, da Ética e do Direito.
Foi no “Outono da Idade Média”, ainda, que surgiu o humanismo antropocêntrico, que faz do Homem e não de Deus a medida de todas as coisas, e que se preparou a quebra da unidade do Mundo Cristão, tão lamentada por Novalis, e o consequente fim da fraternidade universal entre os povos, do universalismo professado pela Idade Média, que não se pode confundir de forma alguma com o cosmopolitismo de nossos dias.
A partir de Maquiavel, a concepção cristã da política e das relações interestatais cedeu lugar a uma concepção naturalista posteriormente desenvolvida por Hobbes, que, por seu Leviatã, pode ser considerado, ao lado de Hegel, como o principal precursor do Estado Totalitário. Este é condenado pelo Integralismo, que, tendo uma concepção total do Universo e do Homem, considera o Estado somente como parte, e não como um todo acima da Pessoa Humana e dos Grupos Naturais.
Após as descobertas marítimas do século XVI, vemos, nas colônias de determinadas potências européias, um racismo pronunciado, que somente não existiu nas possessões ultramarinas de Portugal e Espanha, onde houve, com efeito, forte miscigenação étnica e cultural.
Nenhum século, contudo, foi tão racista quanto o século XIX, quando – como demonstra Alberto Torres – certas potências européias utilizaram as teorias racistas como justificativa para sua política de expansão imperialista.
Os conceitos darwinianos de luta pela vida, seleção natural e sobrevivência dos mais aptos logo foram transplantados para o plano étnico e a ideia do Super-Homem, do Além-do-Homem, que Nietzsche concebera inspirado no “Homem do Futuro”, de Richard Wagner, e no “Único”, de Max Stirner, foi rapidamente transformada na idéia de Super-Raça.
Foi nesta época que surgiram as obras do Conde de Gobineau, de Vacher de Lapouge e de Houston Stewart Chamberlain, todas elas fazendo a apologia da “raça ariana”. Sobretudo este último, genro de Richard Wagner e autor de Os fundamentos do século XIX, influenciou sobremaneira o Nacional-Socialismo, que, aliás, chegou a conhecer e apoiar, sendo copiosamente citado por Hitler em Minha luta e por Alfred Rosenberg em O mito do século XX e considerado por este o arauto e edificador da Alemanha futura.
A semelhança existente entre as doutrinas de Gobineau, Malthus, Vacher de Lapouge, Lagarde, Houston Stewart Chamberlain, Gumplowicz, de certas filiações sociais e políticas do darwinismo e mesmo Nietzsche, que chegaram, por origens e fontes distintas e métodos pretensamente científicos à conclusão da existência de uma superioridade morfológica, irredutível, de certos povos e etnias, constitui a mais clara prova da natureza política de tais idéias, predominantes na ciência social na segunda metade do século XIX. Não podemos olvidar que Karl Marx tinha idéias profundamente racistas e etnocêntricas, que usou, por exemplo, para justificar a invasão do México pelos Estados Unidos da América e a colonização da Índia pelos britânicos.
Foi Alberto Torres – primeiro intelectual brasileiro a se bater contra as idéias racistas aqui aceitas, integral ou parcialmente, por homens como Sílvio Romero, Nina Rodrigues e Euclides da Cunha – quem observou que a ciência demonstra, por meio da História, o valor das civilizações morenas. Todo o edifício de superioridade teutônica caiu por terra, com a irrefragável demonstração de que as fontes de nossa Civilização brotaram do cérebro de homens do Mediterrâneo, frisou o autor de O problema nacional brasileiro.
Hoje, após vários anos de experiências genéticas, chegou-se à conclusão de que as diferenças entre um branco nórdico e um negro africano não compreendem senão uma fração de 0,005 do genoma humano.
Alberto Torres nos legou diversas lições admiráveis nos planos político, sociológico e econômico, a despeito de seu pensamento apresentar algumas falhas, quase todas fruto de seu desapego à Tradição. Plínio Salgado, que soube como ninguém absorver as lições positivas do mestre, ao mesmo tempo em que rejeitava seus erros, o seguiu na luta contra o racismo, destacando sempre o uso deste por determinadas potências com o fim de justificar suas políticas expansionistas e ensinando que as nações desenvolvidas deviam tal condição às suas reservas de hulha e de outros minerais vitais ao incremento das atividades industriais e não à tão propalada quanto falsa superioridade étnica de seus povos.
No Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo, lançado na Capital Paulista em 1931, Plínio Salgado, havendo demonstrado o que acabamos de afirmar, observa que a “situação de desequilíbrio econômico entre os povos deve convencer-nos de que o único caminho da independência, da verdadeira liberdade da afirmação nacional está na criação de uma civilização de sentido geográfico, em contraposição à outra, de sentido geológico. Ou melhor: uma civilização espiritual com uma consciência maior da dignidade do homem. Uma civilização que seja a primeira a clamar, no mundo contemporâneo, pela valorização do homem, como força suprema, como mentalidade e como espírito, como trabalho de vontade, como conjunto de forças independentes de uma mecanização humilhante a serviço de um capitalismo opressor, que exige em títulos de nobreza os títulos da bolsa e as marcas aristocráticas dos automóveis de luxo.
Que nos valha, até certo ponto, a lição admirável de Gandhi. Que as civilizações de expressões geográficas cooperem o menos possível com os detentores de todas as forças do imperialismo econômico dos países que nasceram ricos, por possuírem os elementos materiais para a dominação irresistível dos povos por eles denominados ‘fracos’ e das raças por eles chamadas de ‘inferiores’”.
1931 foi também o ano da fundação, nesta mesma Capital, da Frente Negra Brasileira, cujo principal líder foi Arlindo Veiga dos Santos, professor, pensador, jornalista, poeta e criador do Patrianovismo, movimento patriótico, nacionalista, monárquico e tradicionalista fortemente influenciado pelo Integralismo Lusitano e surgido em 1928 com a fundação do Centro Monarquista de Cultura Social e Política Pátria-Nova. A Frente Negra Brasileira, maior e mais sadio movimento negro não apenas da História do Brasil, mas de toda a chamada América Latina, teve o mérito de não combater apenas o racismo do branco contra o negro, mas também o racismo do negro contra o branco, hoje lamentavelmente presente na absoluta maioria dos ditos movimentos negros.
Em 1932, no denominado Manifesto de Outubro, documento que inaugura oficialmente o Integralismo Brasileiro, Plínio Salgado volta a condenar o racismo, salientando que os brasileiros das cidades se envergonham do negro e do caboclo de nossa terra, havendo criado preconceitos étnicos originários dos países que nos querem dominar. Mais tarde, em abril de 1934, o autor de Psicologia da Revolução esclarece definitivamente a posição do Integralismo em face da questão étnica, frisando que os Integralistas não sustentam preconceitos étnicos, considerando o povo brasileiro tão superior quanto qualquer outro e não nutrindo nenhuma prevenção em relação ao judeu:
“Não podemos querer hoje mal ao judeu, pelo fato de ser o principal detentor do ouro, portanto principal responsável pela balbúrdia econômico-financeira que atormenta os povos, especialmente os semicoloniais como nós, da América do Sul. O judeu-capitalista é igual ao cristão-capitalista (...). Ambos não terão mais razão de ser porque a humanidade se libertará da escravidão dos juros e do latrocínio do jogo das Bolsas e das manobras banqueiristas. A animosidade contra os judeus é, além do mais, anticristã e, como tal, até condenada pelo próprio catolicismo. A guerra que se fez a essa raça na Alemanha, foi, nos seus exageros, inspirada pelo paganismo e pelo preconceito de raça. O problema do mundo é ético e não étnico”.
Assim, o Integralismo rejeita o antijudaísmo de cunho étnico, não fazendo distinção alguma entre o judeu capitalista e o capitalista que se diz cristão, entre o açambarcador que frequenta a sinagoga e aquele que vai à igreja e, do mesmo modo, não distinguindo o judeu honrado, honesto, patriota e nacionalista brasileiro do cristão igualmente virtuoso.
Em fins de 1935, Plínio Salgado redige a Carta de Natal e Fim de Ano, onde ataca pesadamente o racismo e o totalitarismo, denunciando os erros do Nacional-Socialismo e a divinização do Führer como nenhum outro fizera antes dele.
O Integralismo, reunindo centenas de milhares de brasileiros de todas as etnias, credos e classes sociais, configurou-se como o maior movimento antirracista da História Pátria, tendo merecido a admiração e o apoio de Arlindo Veiga dos Santos. Dentre os negros ilustres que vestiram a camisa-verde, podemos destacar o “Almirante Negro” João Cândido, o ativista negro, teatrólogo, escritor, artista plástico e ex-Senador Abdias do Nascimento, o sociólogo Guerreiro Ramos, o escritor e militante negro Sebastião Rodrigues Alves, o professor de Direito, escritor e membro da Academia Sul-Riograndense de Letras Dario de Bittencourt, primeiro Chefe Provincial da AIB (Ação Integralista Brasileira) no Rio Grande do Sul, e o jornalista, escritor, advogado, militante negro e professor Ironides Rodrigues, que durante anos assinou uma coluna sobre cinema no jornal integralista A Marcha, dirigido por Gumercindo Rocha Dorea. Este último, como editor, publicou diversas obras de cunho antirracista.
Atualmente, a “esquerda” brasileira substitui a luta de classes pela luta de “raças”, divulgando o mito da “Nação bicolor”, incutindo nos negros e pardos o sentimento de ódio contra os brancos e implantando, em nossas universidades, o injusto e inconstitucional sistema de cotas, que nada mais é do que a institucionalização do racismo em nosso País e que não serve senão às potências que nos querem escravizar. Nós, Integralistas, nos opomos a isso, proclamando que as injustiças, muito mais econômicas do que étnicas, devem ser resolvidas pela Educação Integral de nosso povo e pelo desenvolvimento da Economia, por meio da combinação da iniciativa privada com a ação supletiva, corretiva e promocional do Estado, de acordo com o princípio da subsidiariedade e tendo sempre em vista o desenvolvimento do Bem Comum.
Σ Σ Σ
É contra todo e qualquer preconceito étnico e em favor da edificação de uma verdadeira Democracia Étnica e de um Estado Integral que luta a Frente Integralista Brasileira, único Movimento que representa plenamente, em nossos dias, os ideais patrióticos, nacionalistas, tradicionalistas e renovadores da Doutrina do Sigma.
Sabemos que nosso combate contra as idéias racistas e sobretudo contra sua institucionalização em nosso País não será nada fácil, mas também sabemos que conosco está o Brasil profundo, real e autêntico e que nos planos moral e ético a vitória já nos pertence.
A 13 de Maio de 1888, a Princesa D. Isabel, então Regente do Império do Brasil, assinou a Lei Áurea, pondo fim à escravidão, mais profunda nódoa de nossa História. Hoje, passados cento e vinte e um anos daquela data histórica, carecemos de pugnar por uma Nova Abolição, pela Abolição de todo o nosso povo da escravidão econômica aos grandes grupos financeiros internacionais. Para tanto, chegado é o momento de desencadear as forças infinitas que dormem, ignotas, no fundo da alma de nossa Nação.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Apêndice Histórico sobre "A Mulher Nua"

Apêndice Histórico sobre "A Mulher Nua"
Sérgio de Vasconcellos

No Carnaval de 1948, a célebre naturista Luz del Fuego, compareceu ao tradicional baile de Carnaval do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, patrocinado pela Prefeitura do então Distrito Federal, em trajes de “Eva”, apenas com uma serpente de fantasia enrolada no corpo...
Indignados com tamanha demonstração de impudicícia, os diretores do Baile, arvorados em defensores dos valores morais, expulsaram a foliã. Como era de se esperar a imprensa, explorou avidamente o acontecido, publicando muitas fotografias reveladoras...
Diante de tanto farisaísmo, Plínio Salgado escreve um artigo de jornal, “A Mulher Nua”, uma das mais belas
e duras páginas da Literatura Brasileira, denunciando de forma contundente o falso moralismo e a hipocrisia da sociedade brasileira, mais revoltantes que o nudismo escandaloso da carnavalesca.

Em 1950, Luz de Fuego, sem o consentimento de Plínio Salgado, publica o citado artigo no seu hoje
raríssimo livro “A Verdade Nua”. O próprio Plínio Salgado incluiu, como um capítulo, aquele seu artigo no livro “O Espírito da Burguesia”, editado em 1951 e, posteriormente, na obra “O Livro Verde da Minha Campanha”, que é de 1956. Tudo continuaria no melhor dos mundos possíveis, se Plínio Salgado não resolvesse confrontar mais uma vez a burguesia brasileira, lançando-se Candidato à Presidência da
República, nas eleições de 1955.

Não tendo o que dizer do Fundador do Integralismo, homem de extremada correção moral, os inimigos do Brasil optaram por trazer à baila aquele artigo, acusando Plínio Salgado de imoral e defensor do nudismo. Diariamente, a “grande imprensa” falava de “A Mulher Nua”, evidentemente sem transcrevê-lo, e  distorcendo o seu conteúdo. Uma campanha de difamação sem precedentes na história política nacional.
Entre os que se empenharam nesta sórdida e repugnante campanha, achava-se o escritor Gustavo Corção, ainda na esquerda Católica, que tinha dois motivos para encarniçar-se contra o Autor da “Vida de Jesus”, um pessoal e o outro político: Em 1948, Plínio Salgado fora convidado pelo Bispo Dom Ballester Nieto, por indicação do Vaticano, para participar das Conversações Católicas Internacionais de San Sebastian, que tinham por finalidade elaborar um documento que seria a contribuição da Igreja Católica à Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU. Sobre esta experiência, Plínio Salgado escreveu o magnífico livro ”Direitos e Deveres do Homem”, cuja leitura recomendamos a todos os Brasileiros. Pois bem, o Sr. Corção, que tinha a firme convicção, dado ser um dos líderes do laicato católico, que seria ele o convidado para representar a inteligência católica brasileira naquela prestigiada reunião, jamais perdoou Plínio Salgado por ter sido o escolhido, uma afronta...

Além desse injustificado ressentimento, o sr. Corção apoiava ao cripto-comunista Juarez Távora, também candidato à presidência pelo PSB.
Vários líderes religiosos vieram a público defender Plínio Salgado daquelas falsas acusações, mas vejamos apenas o que declarou Dom Antônio Lustosa, Arcebispo de Fortaleza: “Conheço o artigo de Plínio Salgado sobre o nudismo. Trata-se de uma clara condenação à decadência dos nossos costumes sociais. Considerar o artigo favorável ao nudismo é não entendê-lo ou, então, vira-lo ao avesso. Aliás a vida do ilustre escritor é incompatível com a doutrina pagã que o artigo verbera.”
Os que desejarem conhecer o relato do próprio Plínio Salgado sobre este episódio, deverão ler o “Livro Verde da Minha Campanha”, obra em que faz um balanço daquela sua campanha presidencial, e onde, no capítulo XI, trata do assunto.

www.integralismorio.org

A Mulher Nua


Nesses dias em que estamos as vésperas de mais um carnaval, faço circular um excelente texto do Chefe Nacional da Ação Integralista Brasileira, Plínio Salgado, intitulado a Mulher Nua, publicado em jornal sobre fato ocorrido em 1948.

A Mulher Nua
Plínio Salgado

Uma revista, dessas que exibem o nu artístico às donzelas casadouras e às meninas da Primeira Comunhão, publicou há dias, numa página inteira, a foto sugestiva de uma garota carnavalesca em trajes de Eva, com uma serpente de flores enroscada no alvo torço de Frinéia ondulante no ritmo do samba, como Afrodite a sair da concha do Mar Egeu.
A legenda participava aos leitores que a esplêndida ninfa - não sem os protestos gerais dos foliões - fora expulsa do Teatro Municipal pelo fato de erigir-se, naquele pudico e recatado ambiente de virtudes burguesas, como uma nota viva de escândalo a ferir a sensibilidade castíssima da grã-finagem carioca.
Vendo-se assim repelida pelas tradicionais virtudes da raça e pelos incontestáveis sentimentos cristãos que animam os folguedos de Momo nos três dias das bacanais e saturnais em que desafogam seu tédio as famílias, a sílfide resolveu sair, mas sair dançando. E de tal forma se portou nos movimentos coreográficos da retirada estratégica, desmanchando-se em reboleios de ritmos tão eloqüentes, que um trovão de
aplausos saudou-a no saguão daquele templo de castidade em que se transformara o teatro principal do Rio, à falta de um autêntico santuário de Vesta.

A fotografia era expressiva e convidava a meditar sobre as possíveis intenções da heroína desnuda.
De mim, confesso que o nudismo de tão ousada bailadeira não me pareceu imoral: antes, pelo contrário, interpretei-o como verdadeira pregação apostólica em prol da moralização dos nossos costumes.
Que fez a jovem carioca, naquela noite de tão esplêndido triunfo para a sua beleza corpórea, senão deduzir, da premissa burguesa do nosso cristianismo paganizado, a conseqüência lógica diariamente encoberta nas malhas dos sofismas com que se absolve de culpas o nosso mundo de hoje? Muitos modos há de apostolizar consoante a inspiração do pregador e a psicologia do gentio cuja catequese se pretende. Uns se valem da palavra e outros dos atos e atitudes. E tanto os sermões verbais como os que se ministram à força de exemplificações variam na forma, estilo, timbre e mais originalidade que o gênio cria como instrumento de persuasão.
Contra os desmandos orgíacos de Roma, utiliza-se Catão da sua austeridade, e ainda que autores desconfiados vislumbrem nas admoestações do censor algumas frestas a entremostrar mal dissimulada hipocrisia, o terrível repúblico ficou a simbolizar, quando não a sinceridade de propósitos, pelo menos um método no aplicar corretivos.

O risco a que se expõem esses pedagogos, demasiadamente severos e amigos da ordem direta nas suas proposições morais, é a de serem tachados de refinados mistificadores. E não somente na pena dos críticos antigos, mas sobretudo na dos modernos, que jogam hoje com os dados da psicanálise para transformar em despeito de incapazes e fracassados as advertências dos moralistas.

Para os tais psicanalistas, se um homem aconselha a outro que não roube, é porque no íntimo sente inveja do ladrão, que é um indivíduo capaz de praticar o delito que o conselheiro não se sente com coragem de efetivar; se outro (ou outra, como no "Electra" de O'Neil, que é uma das mais edificantes bandalheiras do teatro moderno) sente repugnância pela atração incestuosa de alguém, é porque no fundo sofre o mesmo
magnetismo pela sujeira; enfim, qualquer sujeito, que pugne pela moralidade dos costumes, vai para o catálogo dos freudianos como tipo a disfarçar a inveja de quantos destapam as comportas dos instintos.
Fica, assim, destruída toda a moralidade privada ou pública e os Batistas que pretendem corrigir as Herodíades e Salomés passam por indivíduos recalcados a pretender que outros se recalquem. Não faltarão aos moralistas, já não dizemos a cicuta de Sócrates, a fogueira de Savonarola, a Cruz de Cristo, mas as críticas mordazes e os motejos ridicularizantes, em nome da ciência e do progresso.

Ora, assim pensando (ou não pensando coisa alguma como é mais provável em pedagogia puramente intuitiva) a garota do Municipal teria resolvido mostrar, em todo o esplendor da sua carne jovem, o verdadeiro motivo que reunia, naquele templo de pudicícia carnavalesca, os pais, os rapazes e as moças de família.
Inverteu ela, assim, os papéis. Em vez de ser apontada como hipócrita, desmascarou a hipocrisia da sociedade católico-pagã de donzéis e donzelas das missas de domingo e das praias pompeianas da talassoterapia e da heliopigmentação em que se espojam Ganimedes e Safos desabafando complexos e afinando o instrumental endocrínico nos extremos opostos dos recalques ultraistas de pasmosos assexualismos com que o charlatanismo científico pretende contrabater o conceito realista da filosofia
verdadeiramente cristã.
Em vez de, (caso ali comparecesse a pregar um sermão de refundir Tibérios e Messalinas em forjas cândidas) em vez de arriscar-se a ouvir de algum folião ou foliona o epíteto de hipócrita, foi ela, a náiade pagã, quem atirou à face da plutocracia e da burocracia, que comandam a saturnal dos nossos dias, o mais veemente dos discursos que jamais boca de frade ousou jorrar de púlpitos ainda os mais atrevidos no escalpelar ulcerações ou esvurmá-las a ferro em brasa.

Nua, inteiramente nua, como Frinéia diante dos juizes de Atenas, a nossa patrícia dançando o samba e rebolando as curvas afrodisíacas, exclamava em linguagem coreográfica:
- Acaso é a castidade que vos reúne aqui? Porventura estas músicas lascivas vos sugerem, ó velhos de Babilônia, idéias e pensamentos arcangélicos e visões puríssimas do Empíreo? E vós, Adônis e Narcisos, travestidos de roupas femininas, alimentais fantasias menos lúbricas do que as de Heliogabalo ou de Calígula quando cingiam roupagens de Vênus ou de ninfas, de tal maneira alucinados pelo fascínio das formas
opostas ao seu sexo, que procuravam identificar-se cerebralmente com elas? E vós, Faunos e Sátiros espiritualmente caprípedes, farejando os perfumes mesclados ao odor dos suores femíneos, pretendeis renovar a façanha de Santo Antão no deserto, a resistir varonilmente às tentações envolventes?
E vós, Virgens que ledes os romances analistas e as poesias eróticas da nossa época, e assistis aos filmes de longos beijos que galvanizam as platéias escuras e povoadas de tatos sutilíssimos, estais aqui por acaso
para rezar ave-marias ao ritmo das músicas bárbaras? E vós, matronas que vos confundis com vossas netas e filhas na indumentária e nas atitudes, comparecestes a este lugar nada litúrgico para, pelo menos, vos engolfardes no romantismo daquelas velhas valsas que falavam em doçuras de líricos amores e devaneios castíssimos de heroínas de novelas antigas? E ainda todos vós, que mergulhais na onda tépida e aliciante dos pares em torvelinho sob o colorido das serpentinas e os vapores da champanha, estais acaso insensibilizados pelo bacilo de Hansen que vos eteriza a epiderme, ao ponto de não sentirdes o contato morno dos pares conchegados? Este baile é então um festim de eunucos ou algum místico entoar de matinas e laudes ao bruxuleio das lâmpadas sob vitrais em que o crepúsculo transcendentaliza a doçura claustral?
Tudo em vós, ou explícita ou implicitamente, são pensamentos voluptuosos, em cuja corrente bóiam as formas corpóreas esplêndidas e vivas, com maciezas ondulantes e curvas harmoniosas de Astartéias ou masculinidades ostensivas ou equívocas de Narcisos e Ganimedes. Ora, se esses são os pensamentos ocultos em vossas cabeças, porque os não quereis ver objetivamente?
Ouso dizer-vos, senhores, senhoras, rapazes e mocinhas, o que nem por sombras podereis supor. E é o seguinte: esta nudez completa, sem disfarces, é mais casta e mais pura do que as vossas roupas e as vossas atitudes.
A nudez, em si mesma, não é imoral. Se o fosse, não estariam nos altares a imagem de São Sebastião, as dos anjinhos barrocos a encimar frontarias de nichos e relevos de colunas e de púlpitos, e a do próprio Cristo pregado na sua Cruz. A atitude de dor do capitão romano varado pelas flechas, a de inocência dos anjos, a de misericórdia do Redentor de braços abertos, como que animam a nudez de uma euritmia sagrada, de uma expressão divina. O Apolo do Belvedere, a Vênus de Milo, o Adão da Capela Sixtina, estão nus e há neles a castidade das expressões naturais.
O que torna imoral o nu são as intenções que nele se refletem, os pensamentos secretos que o animam. No meu caso (diz a dançarina expulsa pela assembléia do Municipal) o que vos escandaliza não é o nu do meu corpo, mas sim a lascívia que ponho nos ritmos com que interpreto tudo quanto se passa nas vossas almas. Sois como os velhos de Babilônia, que denunciaram Suzana porque a viram nua no tanque, por entre as frestas das árvores. Não era contra a nudez da formosa israelita que eles se revoltavam, mas contra a lascívia que requeimava o sangue decrépito e que dava intelectualmente ao corpo da banhista a própria expressão subjetiva de suas imaginações doentias.

Notai que Suzana banhava-se às ocultas, recatadamente. E vós? Não ides à praia publicamente? O simples fato de vos exibirdes não transfigura o vosso nudismo em ostentação das vossas formas, e se nessa ostentação sentis algum prazer, que nome dareis a esse prazer? Eu o chamarei a delícia de mostrar-se e a essa delícia chamarei deleite luxurioso. Etimológicamente, luxúria quer dizer exuberância, ostentação,
transbordamento, expansão. Ora, quem se mostra, exubera, ostenta, transborda, expande-se e nisso há secreto gozo.
Além do mais não há apenas o deleite subjetivo de quem exibe e o faz com artes de provocar; há o gosto dos que vêem e sobre as fantasias objetivas engendram outras tantas pelo poder da imaginação.
Olhar é uma forma de apoderar-se. Tanto assim é que se pagam entradas nos cinemas, onde as fitas são alugadas aos olhos; e, em certas galerias de arte, onde os quadros e as estatuetas são alugadas à vista.

Olhos nada levam, dizem os espíritos superficiais. Eu vos asseguro que os olhos levam muito. Levam a imagem estampada no cérebro e se isso não for uma forma de posse, não sei o que seja possuir.
Mas o nu não está somente no alienar a roupa. Uma pessoa pode estar vestida e estar moralmente nua, do mesmo modo que uma pessoa pode estar nua, como as Virgens cristãs levadas ao suplício, e estarem moralmente vestidas.
Tenho a coragem de vos dizer, a todos que vos fantasiais de colombinas, arlequins ciganas, baianas, havaianas, que estais tão nuas como a minha nudez, isto é, como a lascívia que a minha nudez põe na cadência de minha dança. Nem mesmo a vossa dança é diferente da minha. Também, como eu, não tolerais
hoje a delicadeza das valsas e das mazurcas. Os vossos médicos dirão que aquelas danças não passavam de sublimação do instinto sexual e em nosso tempo já possuis as válvulas de extravasamento daquilo que nossos avós chamavam sem-vergonhice e os esculápios denominam complexos: são as danças da regressão atávica, operando no campo da medicina moderna o mesmo que os juristas praticam refundindo as normas do direito internacional e revogando princípios jurídicos e éticos, para retrogradar a humanidade até à pedra lascada. Essas danças nada têm de comum com os ritmos harmoniosos da Grécia Antiga, nem com o ritmo coreográfico e quase litúrgico do velho Oriente; nem se parecem com os inocentes folguedos populares dos países cristãos; nem se aproximam da poesia e da graça do Romantismo que iluminou de sonhos e desuaves emoções o século XIX. Não: são danças inspiradas nos selvagens da África e oriundas do cruzamento psicológico de brancos e pretos da América do Norte. Essas danças não procuram o sentido da harmonia e da musicalidade delicada e espiritual; elas são diretamente sexuais e desbragadamente lascivas.
Qual a diferença entre as vossas havaianas de umbigo de fora e as vossas baianas mirandescas e esta nudez luxuriante com que me apresento? Qual a diferença entre o ritmo das vossas músicas e o ritmo do meu corpo nu? Qual a diferença entre os pensamentos dos vossos cérebros excitados pela champanha, pelo éter, pelo odor de mulheres e homens, e a realidade que exponho aos vossos olhos?

E a dançarina desnuda, no ritmo da dança parece concluir:
- Puritanos! Fariseus! Ide, primeiro, compor vossas almas e depois julgai-me! Porque não será expulsando-me que modificareis um milímetro o vosso degradante mundo, os vossos costumes hipócritas, elevando, como seria de desejar-se numa sociedade cristã, a moralidade do povo brasileiro!

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