SENTIDO E
RITMO DA NOSSA REVOLUÇÃO
Plínio
Salgado
A Ação
Integralista Brasileira é um movimento revolucionário, não no sentido comum que
se empresta a esta expressão, porém num sentido mais alto e profundo. Quando
falamos “revolução integralista” não nos referimos à arregimentação de forças
heterogêneas e confusas, tangidas unicamente pelos descontentamentos coletivos
e objetivando exclusivamente o assalto ao Poder. Este movimento, que é o maior
do mundo em extensão geográfica, abrangendo um território igual ao da Europa, e
que é o mais impressionante da História Pátria, desde o Descobrimento, é,
também, como fenômeno espiritual, o mais expressivo dos tempos modernos, assim
como é o mais tipicamente cultural de todos os movimentos sociais e
nacionalistas contemporâneos.
A
revolução integralista se processa em dois planos simultaneamente:
1º) – O
plano espiritual mediato;
2º) – O
plano cultural, imediato.
No plano
espiritual, o objetivo é mediato, porque para atingi-lo teremos de levar muitos
anos de doutrinação, de educação constante do povo, de esforço individual de
cada um. No plano
cultural, o objetivo é imediato, porque o Brasil necessita, desde logo,
de uma transformação
do Estado, mediante a qual poderemos, como queria Alberto Torres, assumir
nova atitude em face dos problemas.
A
Revolução Espiritual
Seria
ridículo que nós nos apresentássemos à Nação, dizendo: “somos os homens perfeitos,
somos os únicos honestos, somos os santos e os heróis, só a nós assiste o
direito de governar o país”. Essa atitude de orgulho é que tem posto a perder a
todos os que julgaram salvar o Brasil mediante simples revolução de quadros,
simples mudança de homens.
Em 1930, brasileiros bem intencionados, porém tentados pelo demônio da vaidade,
apresentaram-se à Nação como os “puritanos da Pátria”. Esse espírito de
puritanismo não permitiu que os problemas nacionais fossem estudados na sua
complexidade e nas suas mais profundas raízes, criando-se, apenas, o mito da “moralidade
administrativa”, que, sendo um dever, não pode ser objeto de programa. O
Integralismo sabe que o Brasil não é um país de santos canonizados nem de anjos
pulcros. A doutrina do Integralismo, em relação às questões de Estado não vai
buscar a sua inspiração no otimismo de Rousseau e de Locke. Pelo contrário,
somos pessimistas em relação à possibilidade de uma instantânea transformação
dos homens, repousando toda a nossa esperança imediata na transformação do
regime, de modo a policiarmos as tendências más que uma educação materialista
agravou no país. Não vamos aos excessos pessimistas de Hobbes, imaginando o
Leviatã, o Estado absorvente, anulador de todas as liberdades. Conservamo-nos
na linha realista, crentes de que uma obra sistemática de educação individual e
da coletividade elevará a média das virtudes morais e cívicas do povo brasileiro,
cuja estrutura mais íntima nos revela traços de superioridade incontestável. Essa
obra de educação é que nós chamamos a “revolução espiritual” e é em razão dela
que nos distinguimos tanto do Fascismo como do Hitlerismo, imprimindo um
sentido profundo ao nosso movimento.
Fariseus
e publicanos
Há no
Evangelho uma parábola que serve para ilustrar o nosso pensamento. É a do fariseu e
do publicano. Enquanto aquele vai se ajoelhar próximo ao altar, vangloriando-se
de suas virtudes, da sua incorruptível maneira de cumprir a lei de Moisés, o
pobre publicano ajoelha-se na porta do templo de Salomão, exclamando: “Não sou
digno Senhor, de me aproximar de vós”. O Divino Mestre afirma que o publicano
está no caminho da perfeição e esse é o caminho que eu indico a todos os
integralistas. O
primeiro ato revolucionário do integralista é assumir essa atitude humilde
diante da
Pátria. Em vez de viver apontando os defeitos alheios, procurar descobrir os
próprios defeitos
e corrigi-los. Confiar mais no gênio da raça e na inspiração de Deus do que nos seus
próprios méritos. Ferir de morte a vaidade, aceitando muitas vezes o comando de
um companheiro
que tem uma posição social inferior à sua. Vencer a si próprio, contrariando-se,
ciliciando-se a todo instante em coração e espírito, convencido de que num país
onde cada qual
é intransigente em relação aos seus semelhantes, não existe possibilidade de harmonia
social nem de grandeza da Nacionalidade. Dominar o comodismo, a preguiça, o ceticismo,
a desilusão, o cansaço, a impetuosidade, o egoísmo, o apego às glórias falazes,
convencido
de que ninguém tem o direito de pretender orientar uma Pátria, quando não é capaz de
governar-se a si próprio. Esforçar-se, instante a instante, na aprendizagem do domínio
de si mesmo, pois é neste domínio que reside a essência da autoridade pessoal
de cada um. Cultivar o amor ao seu povo e a generosidade para os que se
manifestam incapazes
de compreender este movimento, porque a conquista de todos os brasileiros muito
depende da perseverança, da paciência, da tenacidade e serenidade dos nossos doutrinadores.
Despertar em si próprio as forças do sentimento nacional porque a fusão de todas as
centelhas de patriotismo de cada coração formará a fogueira que incendiará o grande
coração da Pátria. Pedir a Deus coragem e paciência, fortaleza e inspiração,
energia e bondade, severidade sem alarde, bravura sem ostentação, virtude sem
orgulho puritanista, humildade sem indignidade e dignidade sem egolatria.
Luta
subjetiva e ação objetiva
Essa é a
revolução interior, a revolução espiritual. Nós sabemos que ela se processará
devagar, porque estamos encharcados dos vícios de uma educação materialista, de
uma educação farisaica de catonismos hipócritas em que se esfacelou uma
República que confiou mais nos doutores da lei do que na realidade da Pátria e
nas profundas verdades humanas. Sei que essa Revolução Espiritual durará muito
tempo e o seu triunfo completo só se dará nas futuras gerações. É por isso que,
paralela a essa transformação do espírito nacional, estamos acionando a
Revolução Cultural. Há no Integralismo uma revolução subjetiva e outra objetiva.
Transformação
do Estado
Não
podemos nos cingir exclusivamente à transformação espiritual, porque temos problemas
imediatos e, principalmente porque, dentro do atual regime, tudo se tornará
mais difícil para atingirmos os objetivos morais que colimamos. Enquanto a
revolução espiritual se processa, por assim dizer, numa progressão aritmética,
a outra, a revolução cultural se opera numa progressão geométrica. Os
resultados que iremos obtendo, em síntese, podem ser comparados à razão
logarítmica das duas revoluções.
O
problema da transformação do Estado subordina-se a uma concepção filosófica da qual
decorrem as soluções dos problemas político e econômico. Partimos do princípio
da autoridade moral do Estado, do conceito ético do Estado. Esse princípio se
origina da própria
concepção do Universo e do Homem, encarados de modo integral. A subordinação do mundo
da matéria e da força ao mundo do espírito e da vontade.
A síntese das concepções
científica e espiritual que marcam os aspectos das filosofias da Idade Média e do século
XX. Repelimos todas as unilateralidades tão características do século passado. Assim
fazendo, não condenamos de um modo absoluto, os esforços prodigiosos dos pensadores,
sociólogos e economistas do século XIX. Entendemos que cada corrente se colocou
num ponto de vista restrito. A sociedade tem de ser encarada de um modo total, não só em
relação a seus aspectos formais, porém à natureza e direção de seus movimentos. Não
ficamos com aqueles que, como Spencer, subordinaram tudo à sistematização do
evolucionismo darwiniano, justificando as opressões da burguesia contra os trabalhadores;
nem com aqueles que, como Le Play, Ratzel, Demoulins, pretenderam ver na geografia
social a única chave dos problemas políticos; nem com aqueles que, como Gobineau
ou Gumplowicz, apontavam toda a solução do problema étnico no mistério dos plasmas
germinativos; nem com Karl Marx, que considerou uma única face do Homem, a
face
econômica, e muito menos com Adam Smith, precursor de Marx, que acreditou no dogma das
leis naturais em economia; nem com Sorel que reduziu tudo a luta de classe; nem
tampouco com aqueles que negaram a luta de classe. Nós,
integralistas, somos homens do século XX, ao passo que os liberais, os comunistas,
os reacionários de estrema direita, os socialistas timoratos, os republicanos positivistas,
os cientifistas políticos são homens de uma época que se assinalou pelo sentido
da análise. Vivemos
hoje uma época de síntese. Quando as ciências se encontram todas no recesso
do átomo, quase se confundindo a química com a astronomia, a velha verdade de Aristóteles
surge do fundo da misteriosa harmonia da gravitação dos iônios, mostrando-nos em
todas as expressões do Universo a diferenciação, na unidade. Essa
forma de mentalidade nova abre novos horizontes aos problemas políticos. O conceito
revolucionário ganha uma nova significação, como direito do Espírito e
transformação
permanente do Estado, guardados os princípios do Direito Natural e objetivando
o destino supremo do Homem, segundo uma concepção espiritualista da existência.
O Estado passa a ser o Grande Revolucionário, falando em nome das inquietações,
dos desejos, das aspirações superiores, dos sentimentos de Justiça da Nação. O
Estado adquire, assim, uma autoridade nova, sobrepairando aos interesses de
grupos sociais, políticos ou econômicos. O Estado passa a ser o supervisionador,
o mantenedor de equilíbrios, a concretização do ideal de justiça e de
liberdade, o criador dos ritmos sociais.
Consequências
da nova concepção do Estado
Uma vez
que o Estado se constrói de acordo com a alma de uma Nação e recebe desta o
poder revolucionário, ele, o Estado, tem o direito e a autoridade suficientes
para interferir
com energia no campo econômico e social, político e financeiro, recompondo equilíbrios,
sempre que alguns elementos da sociedade se hipertrofiem em detrimento de outros. É
a atitude nova em face dos problemas. Revolução, em verdade, é mudança de atitude. Verificando
que a democracia está desvirtuada por erros dos sistema; que o sufrágio
universal é a maior das mentiras, a fonte de todo o caudilhismo político, o instrumento
de opressão dos ricos contra os pobres; que a quantidade excessiva de partidos decorre
do sufrágio e que os partidos são hoje em número tão grande(150 inscritos no Superior
Tribunal Eleitoral) que só servem para anarquizar a Nação, enfraquece-la,
dividi-la e alimentar a popularidade fácil de demagogos espertos; que a maior
enfermidade do país é o regionalismo político, alimentado pelos partidos
situacionistas e oposicionistas dos Estados, que não dão tempo aos brasileiros
de pensar um pouco nos problemas gerais da Nação; que os problemas econômicos
são tratados pelo critério exclusivamente regionalista, em consequência da
estreita mentalidade que os partidos provincianos estão criando; que o povo
brasileiro está dividido e, por isso, enfraquecido, não podendo opor-se à
exploração do capitalismo estrangeiro; que os parlamentos políticos constituem
um entrave às medidas de ordem econômico-financeira que só um governo forte,
ético, baseado em novos princípios de economia política, poderá tomar: - o Estado
Integralista terá de substituir, imediatamente, afim de salvar a verdadeira
democracia das garras de oligarquias financeiras, o arcaico aparelhamento dos
partidos pela organização corporativa da Nação. Cada brasileiro terá de se
enquadrar dentro da sua profissão. A vontade nacional será traduzida com
honestidade e realidade, no âmbito dos interesses de cada classe. Só os
vagabundos ficarão de fora, pois todo homem que trabalha terá de defender seus
interesses dentro da sua corporação. Estará
acabada a demagogia tanto civil como militar, ambas perniciosas, ambas
atentatórias dos legítimos direitos de um povo, ambas opressoras, ambas fontes
do caudilhismo, das oligarquias, da politicagem mais grosseira e pretensiosa. Isto
feito, a Nação estará em condições de olhar de frente os grupos financeiros internacionais,
dizendo a palavra que ainda não foi dita, desde que nos amarramos ao pé da mesa
dos magnatas de Londres, há mais de cem anos. O Estado Nacional Integralista poderá
então iniciar a revolução da moeda, fundamental para a libertação de uma
Pátria, de um povo de 40 milhões de habitantes e entravado na sua produção, no
seu comércio, na incrementação de suas fontes de riqueza por um sistema absurdo
que vem sendo posto em prática desde o alvorecer do século passado, com o fim
exclusivo de facilitar as especulações
indecentes das Bolsas, o jogo criminoso do câmbio, a elevação das taxas de juros, a
escravização de todos os produtores. Longo
seria expor os pormenores dessa grande revolução econômica; entretanto, estamos
certos, nós, os integralistas, de que dentro do atual regime, não haverá jeito
algum de solucionar-se o problema financeiro do país. Nem o
problema financeiro, nem o da justiça social. A socialdemocracia, implantada
no Brasil pela Constituição de Julho, nunca resolveu as questões de outros países;
pelo contrário, agravou-as. A questão proletária no Brasil se entrosa com todas
as outras
questões de ordem econômica, financeira, ética e jurídica. Os socialistas no
Brasil são da
marca daqueles a que se refere Durkheim, dizendo que para eles o socialismo é apenas a
questão operária. Nós, integralistas, sabemos que o caso operário no Brasil
terá de ser
resolvido no conjunto que forma o quadro completo dos problemas nacionais.
Visões
unilaterais
Aliás, a
unilateralidade é ainda um vício remanescente do século XIX, que temos de
corrigir nos brasileiros. Muitos pensam que a solução do nosso caso está, por
exemplo, na
questão dos transportes; outros que ela está na questão do café; outros só
pensam no combustível,
outros julgam encontrar a chave no livre-cambismo, ao passo que outros são protecionistas.
Muitos acham que a alfabetização é o único problema, outros só falam no saneamento.
Alguns só pensam no quadro econômico, outros só pensam no quadro moral e religioso.
Muitos reduzem tudo a uma questão de moralidade administrativa. Há os fanáticos
do problema dos latifúndios como há os que só se preocupam com a organização cooperativa.
Observo que a tendência geral tem sido a de subordinar as questões mais complexas
a um fator único. Essa mentalidade os integralistas têm de combater, justamente
porque a sua doutrina é integral. Todos os problemas se reduzem a um só: o
problema do Brasil. Tudo tem de ser enquadrado num só pensamento e subordinado
a uma única orientação geral e supervisionadora.
Os
integralistas estudam
Orientada
pelos grandes lineamentos doutrinários do Sigma, adotando um método crítico
próprio e objetivando uma finalidade política preestabelecida, funciona em intensa
atividade, a nossa Secretaria Nacional de Estudos. Dividimos as tarefas segundo
as especialidades. Orientamos as pesquisas, o trabalho das comissões num só
sentido. Em todas as Províncias funcionam as Secretarias Provinciais de
Estudos, em correspondência com a Secretaria Nacional. São filósofos,
sociólogos, economistas, pedagogos, técnicos, que pusemos em constante
atividade, pois o nosso movimento é rico em valores culturais. É nesse setor
que estamos operando a revolução da cultura, tornando cada vez mais nítida uma
doutrina de Estado, criando futuros estadistas pelo recrutamento de valores
novos que surgem de uma mocidade inquieta.
A
disciplina
A
revolução espiritual nós a realizamos nos quadros da Secretaria Nacional de Educação.
Somos hoje 400.000 brasileiros que, em 1.123 núcleos que funcionam em todo o país,
constituímos uma só família. Os integralistas não dizem à Nação o que costumam dizer
os puritanos e os fariseus do regime, atribuindo-se virtudes super-humanas. Os integralistas
exclamam: “Somos brasileiros de boa vontade. Amamos nossa Pátria, cremos em
Deus, estremecemos nossas famílias. Queremos ser bons e fazemos esforço para
isso. Esperamos que Deus, que pôs a sua cruz de estrelas no céu do Brasil, nos
inspire cada dia e nos ajude a cultivar as virtudes cívicas”. O tempo que um
integralista perderia fazendo acusações deve ser empregado fazendo exame de
consciência e corrigindo as vaidades a fim de, um dia, quando tiver autoridade
nas mãos, não assumir atitudes quixotescas alardeando superioridades ridículas.
O integralista sabe que tudo deve dar à sua Pátria, que nada deve pedir a ela. Sabe
que sofrerá injustiças, será alvo de mentiras, de injúrias e calúnias, será
ridicularizado por
muitos e até apontado como louco. Abrasado pela divina loucura do amor da
Pátria, ele a tudo será surdo. Suportará com alegria todas as perseguições que
porventura lhe façam por ser integralista. Sofrerá a agressão dos comunistas,
defendendo-se, mas sem ódio, porque o comunismo é um fenômeno de dor num
espírito desorientado pelos maus. Nunca deixará de cumprir uma ordem de seus
superiores, desde que ela não fira os princípios cristãos em que se baseia o
nosso movimento, porque uma ordem certa e discutida torna-se mais perniciosa do
que uma errada e cumprida, porque esta, pelo menos, prestigia o princípio de
autoridade e revela em quem obedece a um triunfo moral sobre si próprio. Quem
não sabe obedecer jamais saberá comandar e o Integralismo é também uma escola de
comandantes. A nossa
disciplina condena todos os conchavos de bastidores com forças políticas
liberais-democráticas, porque eles enfraquecem o princípio da autoridade. Nossa
propaganda é a descoberto, para que não haja compromissos de ordem particular.
A essência do regime que desejamos é incompatível com processos maquiavélicos.
Toda a preocupação dos integralistas é formar uma grande família, presa pelos
laços indestrutíveis de uma doutrina e de uma solidariedade moral profunda.
Caráter
brasileiro do movimento
O que
distingue o Integralismo dos movimentos nacionalistas que hoje se processam em
quase todos os países do mundo é exatamente o alto sentido cultural e o profundo
sentido sentimental. Cristalizando, dia a dia, uma unidade de pensamento, o Integralismo
não se baseia num homem, porém num sistema de ideias. Seus alicerces, pois, são
os mais sólidos possíveis. O Chefe não passa de um simples soldado, que eventualmente
exprime o princípio da autoridade. Estamos realizando um movimento para séculos
e não para quadriênios. Não pretendemos uma ditadura porque só os povos bárbaros
toleram ditaduras, ainda quando estas venham disfarçadas em positivismos de segundo
grau, em consulados militares ou comitês ou juntas de salvação pública. Não nos
insurgimos contra homens, porque eles são produtos dos partidos. Os partidos
são produto de um regime. O regime é produto de uma civilização. Essa
civilização é produto de uma filosofia de vida. Essa filosofia de vida é
produto de uma atitude de orgulho do homem. É aqui que encontramos o pivô
do imenso maquinismo da economia e da política, maquinismo descontrolado,
sem ritmo lógico e apenas expressivo da confusão dos espíritos no século XIX. É,
entretanto, no sentimento delicado do povo brasileiro que vamos encontrar a
chave com que
abrimos as portas do século XX. Para compreender o movimento integralista é necessário
compreender a alma brasileira e sentir os dramas universais. E essa compreensão
é mais simples do que parece. Basta libertarmo-nos de nós mesmos, isto é, dos
prejuízos de uma civilização desumana e de uma cultura livresca. Ser simples
como a água e como a luz. Ser pobre em coração e em espírito. A lição política
das nacionalidades está mais nas coisas simples e boas do que nas complicações
com que o charlatanismo de um século, que entronizou o empirismo, perturbou
ainda mais as almas agitadas dos povos.
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